MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D84B47.C84DE920" Este documento es una página web de un solo archivo, también conocido como "archivo de almacenamiento web". Si está viendo este mensaje, su explorador o editor no admite archivos de almacenamiento web. Descargue un explorador que admita este tipo de archivos. ------=_NextPart_01D84B47.C84DE920 Content-Location: file:///C:/F32AD9C9/3.Novodvorski.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
<= o:p>
Revista Nebrija =
de
Lingüística Aplicada a la Enseñanza de Lenguas (RNAEL) IS=
SN
1699-6569<=
o:p> Vol. 16 Núm.=
32
(2022) =
doi: 10.26378/rnlael1632476 Recibido:
31/01/2022 / Aprobado: 15/03/2022 Publicado bajo licencia de Creative Commons Reconocimiento Sin Obra Derivada 4.0
Internacional
O sufixo -AZO em unidad=
es
léxico-fraseológicas: uma análise contrastiva espanhol/português em corp=
us
jornalístico
The suffix -AZO in lexi=
cal-phraseological
units: a contrastive Spanish/Portuguese analysis in a journalistic corpus
Ariel Novod=
vorski
Universidade Federal de Uberlândia
arivorski@ufu.br
RESUMO
Este trabalho
analisa unidades léxico-fraseológicas, a partir de ocorrências de vocábulos
formados por derivação com o sufixo -AZO. Por meio de uma análise contrasti=
va
em corpus jornalístico espanhol/português, em artigos de opinião que
tratam sobre a política argentino-brasileira, foram abordados aspectos
morfossintáticos e semântico-pragmáticos na formação desses vocábulos e em
unidades fraseológicas. Para além do valor semântico de aumentativo, foram
identificados e descritos diferentes valores apreciativos, de golpe e de
protesto ou manifestação popular, alcançando processos de lexicalização e d=
e metaforização. Princípios e ferramentas característic=
as da
Linguística de Corpus foram utilizados para a identificação, extração e aná=
lise
dos dados.
Palavras-chav=
e:
sufixo -AZO, unidades léxico-fraseológicas, corpus jornalístico
ABSTRACT
This paper analyzes l=
exico-phraseological
units, based on the instances of words formed by derivation with the suffix
-AZO. Through a contrastive analysis in a Spanish/Portuguese journalistic
corpus, in opinion articles dealing with Argentine-Brazilian politics,
morphosyntactic and semantic-pragmatic aspects in the formation of these wo=
rds
and in phraseological units were addressed. Besides the semantic value of
augmentative, several appreciative values of blow and protest or popular
demonstration were identified and described, achieving processes of
lexicalization and metaphorization. Principles and tools characteristic of
Corpus Linguistics were used for data identification, extraction, and analy=
sis.
Keywords: suffix -AZO, lexical-phraseologi=
cal
units, journalistic corpus
1. introdução
Este texto retoma, por um lado, trabalhos anterior=
es
em que se investigou em torno de objetivos como os de reconhecer e analisar
determinadas unidades fraseológicas (UFs) forma=
das
por argentinismos (Novodvo=
rski
2017). Na ocasião, foram feitas análises contrastivas léxico-fraseológicas =
de
formações neológicas e dos diferentes valores semânticos identificados, cri=
adas
pela derivação sufixal –AZO, em espanhol rio-platense. Foi buscado, também,=
por
traduções e/ou possíveis equivalentes tradutórios para o português brasilei=
ro,
em corpora paralelo e comparável. Nesse sentido, o recorte
teórico-metodológico compreendeu Fraseologia contrastiva, Neologia, Estudos=
da
Tradução e Linguística de Corpus.
Por outro lado, este artigo
também incorpora como objeto de estudo as Unidades Terminológicas (UTs) e as Unidades Fraseológicas Especializadas (UFEs), com presença de UTs do
domínio do futebol, presentes em processos de metafori=
zação
com o domínio da política. São utilizados, nesse sentido, três corpora=
i>
jornalísticos, compilados das seções de Política e Opinião, que abordam como
temática a trama política argentino-brasileira, no par linguístico
espanhol/português: um corpus em relação paralela unidirecional, com
textos originais escritos em espanhol e traduzidos ao português; outro c=
orpus
em relação comparável, com textos redigidos em espanhol e em português, não
guardando relação tradutória; e um terceiro corpus que monolíngue, em
espanhol rio-platense, compilado inteiramente da coluna Humor Político=
i>,
do escritor e arquiteto Alejandro Borensztein1, publicada no =
Clarín
todos os domingos há 15 anos, e que intitulamos Corpus AleBores.
A relação que este trabalho
guarda com as pesquisas anteriores é o fato de as UTs<=
/span>
estarem formadas por derivação, pelo sufixo -AZO. Desse modo, o objetivo é
identificar no Corpus AleBores, e=
specificamente,
os candidatos a termos do domínio do futebol que registrem a presença sufix=
al
-AZO e, também, que estejam em relação metafórica com o âmbito da política,
caracterizando-se, portanto, enquanto análise de unidades término-fraseológ=
icas
especializadas. O objetivo, ainda, é contrastar os resultados dos trabalhos
anteriores com o presente estudo2, no intuito de prosseguir a co=
leta
e análise descritiva tanto de UTs e UFEs formadas com -AZO quanto de seus valores
semântico-metafóricos.
Os trabalhos mencionados
anteriormente possibilitaram entrever a produtividade neológica, formada por
meio de derivação sufixal com –AZO. Para além de marcar, em língua espanhol=
a,
os valores de aumentativo e apreciativo positivo/negativo (cochazo/carrão, buenaz=
o/bonzão)
e uma ação violenta ou golpe dado com algum objeto ou sofrido em<=
/i>
alguma parte do corpo (palazo/paulada=
, cachetazo/tapa forte no rosto, na bochecha),=
i>
entre outros, foi observado o uso de –AZO com o traço semântico indicativo =
de
manifestação, de insurreição popular, protesto ou denúncia.
Alguns resultados registrados=
3,
em língua espanhola e portuguesa, em corpus paralelo e comparável, s=
ão:
“a pocos días de asumir se
Como se observa, os excertos
remetem ao âmbito da trama política, haja vista que os textos que integram =
os corpora
foram coletados das seções de política de jornais argentinos e brasileiros.=
Nos
vocábulos em destaque nesses fragmentos, podem ser apreciados,
fundamentalmente, os traços semânticos de protesto e manifestação
popular em panelaço, buzinaço, verdurazo=
e bananaço, e o valor de aumentativo ou de go=
lpe
dado com algum objeto, no caso de tarifaço, que faz referência ao
aumento desmedido no valor das tarifas, que acarreta o efeito de um golpe
dado pelo governo e sofrido pela sociedade em gera=
l.
Al=
guns
dos jornais utilizados na compilação dos corpora disponibilizam vers=
ões
de determinados conteúdos em ambas as línguas espanhola e portuguesa. Por
exemplo, a Folha de São Paulo oferece algumas matérias traduzidas ao
espanhol e o Clarín, em sua versão em língua portuguesa, oferece tex=
tos
traduzidos e outros escritos originalmente em português. Isso possibilitou a
compilação de corpora não apenas paralelos como comparáveis também, =
que
propiciam o contraste na busca por equivalentes textuais e/ou por
correspondentes nos respectivos sistemas linguísticos.
Ai=
nda
na perspectiva da Fraseologia Contrastiva, são inúmeros os desafios que se
impõem ao tradutor, no sentido de que mais do que uma busca consciente no
repositório lexical de ambas as línguas, o trabalho pressupõe um alcance
interpretativo textual, na inter-relação entre as mensagens explícitas, imp=
lícitas
e subentendidas no texto de origem (TO). Foram analisadas algumas UFs como autênticas unidades de tradução, devido à
dificuldade de reconhecimento, em qualquer fase do processo tradutório, dos
graus de (in)equivalência fraseológica das UFs =
nos
textos entre língua de origem (LO) e língua meta (LM). Contudo, adotamos o =
viés
contrastivo neste trabalho.
Co=
mo
pode ser observado, o reconhecimento e interpretação adequada das UFs no texto de origem (TO) são essenciais para a per=
cepção
dos graus de equivalência que incidem tanto na escolha das estratégias quan=
to
nos procedimentos de tradução. Nesse sentido, no final daquele trabalho, foi
considerado que o processo que conduz à mediação intercultural e
interlinguística do tradutor exige também o desenvolvimento da subcompetência fraseológica.
Tod=
o o
trabalho de compilação dos corpora, identificação e extração das
ocorrências referentes ao objeto de estudo, assim como as análises e descri=
ção
dos dados foi mediado pelos subsídios da abordagem teórico-metodológica da =
Linguística
de Corpus (Berber
Sardinha 2004, 2009; Parodi 2010). Em particula=
r, foi
assumido o caráter probabilístico dos usos linguísticos e os valores
associativos do léxico, atestados pela frequência de ocorrência. Também foi
adotada a perspectiva de pesquisa direcionada por corpus, pela
utilização das ferramentas WordList, KeyWords<=
span
style=3D'mso-bidi-font-style:italic'> e Concord do programa WordSmith
Tools (WST), em sua versão 7=
,0
(Scott 2016). Ainda foi utilizado como recurso o Corpus del
Español em sua versão dialetal (Davies 2016=
)4,
para validação e contrastação dos resultados co=
m as
unidades léxico-fraseológicas e término-fraseológicas consideradas argentinismos e com as UFEs
características do domínio do futebol, em processos de metaforização
com o domínio da política. A combinação de determinadas ferramentas
específicas, de funcionalidades do WST e a utilização do Corpus del Español=
como um corpus de consulta,
adicionaram os valores de confiabilidade e de tecnolog=
ização
ao trabalho. A seguir, serão
apresentados os pressupostos do recorte teórico implicado.
2. pressupostos teóricos
Em primeiro lugar, são tecidas considerações acerca
dos valores da forma sufixal -AZO, em língua espanhola, sempre que possível,
com exemplos tomados de nossos corpora de estudo. Na sequência, serão
tratadas brevemente e em paralelo a Lexicologia, Terminologia e a Fraseolog=
ia
especializada. Por último, serão feitas algumas ponderações em torno do
processo de metaforização de UFEs
e do papel da Linguística de Corpus (LC) na pesquisa, fundamentalmente no q=
ue
tange à percepção e identificação de fatos linguísticos e à formulação ou
validação de hipóteses que podem derivar em idealizações teóricas.
Na Gramática Descriptiva de la Lengua Español (Bosqu=
e & Demonte 1999), há dois capítulos que tratam,
especificamente, sobre derivação nominal e apreciativa, dedicando sua atenç=
ão,
em parte, ao sufixo -AZO. Lacuesta & Gisbert
(1999: 4529-4530) relatam que tem sido objeto de discussão, se se trataria
apenas de um único sufixo -AZO ou de dois diferentes e homônimos. Alguns
autores sustentam que os valores semânticos derivam de duas formas latinas:=
(1)
–AZO (atio), com valor aumentativo; e (2=
) –AZO
(aceum), com valor de golpe da=
do com
algum objeto ou recebido em alguma parte do corpo (este último estar=
ia
restrito ao espanhol). Um dos argumentos consiste em que os significados de
aumentativo e de golpe não poderiam ter sua origem numa mesma significação =
de
caráter mais abstrato.
De modo geral, os estudos sob=
re a
matéria coincidem em que a maior produtividade é derivada de bases nominais=
, a
saber: cacerola > cacelorazo
(panelaço); bocina > bocinazo (buzinaço); juga=
dor
> jugadorazo (um puta/baita
jogador). Também existem formas derivadas de bases verbais como: frenar =
>
frenazo (freada brusca), patinar > patinazo (patinada), nevar > nevazo
(nevada). A forma com -AZO também pode ser derivada de base adjetiva: <=
span
class=3DSpellE>blanco > blancazo=
span>
(brancão), bueno
> buenazo (bonzão). E podem derivar de
advérbios, como é o caso de: lejos &g=
t; lejazo (lonjão, de lo=
nge), tarde
> tardazo (tardão). Falcinelli
(2007: 35), em trabalho analítico-descritivo acerca dos valores e funções do
sufixo -AZO no espanhol atual e as equivalências no italiano, destaca o ele=
vado
grau de produtividade do sufixo -AZO na linguagem esportiva, principalmente=
no
domínio do futebol. O número elevado de formas lexicalizadas com -AZO, pres=
entes
na linguagem do futebol, mantém o valor de golpe dado com ou de ação
violenta: pelotazo, bombazo,
maracanazo, zurdazo=
.
Ainda no tangente à formação =
dos
vocábulos, é importante destacar que resulta da junção do sufixo -AZO à base
com elisão da vogal final: zapato >=
; zapatazo (sapatada ou chutão), zurda
> zurdazo (chute dado com a perna canhot=
a), martillo > martilla=
zo
(martelada). Em alguns vocábulos, se faz necessário o emprego de interfixos=
, a
saber: -et- em cuchara > cucharetazo (colherada), =
puño
> puñetazo (socão=
span>); -ar-
em espalda > espaladarazo (golpe =
dado
nas costas, com sentido de dar apoio a alguém, um empurrão); e -ot- em mano > manotazo=
(mãozada, golpe dado com a mão). Malkiel (1959 =
apud
Santos 2010: 126) destaca que apenas o -AZO com valor aumentativo apresenta
flexão de gênero, resultando em vocábulos como muje=
r
> mujeraza (mulheraça, mulherão), gua=
pa
> guapaza (lindaça<=
/span>,
bonitona).
Saindo das considerações
morfológicas e retomando os valores semânticos, Lázaro Mora (1999: 4672-467=
4)
destaca a escassez de trabalhos que analisam a rigor o uso dos sufixos
aumentativos, como é o caso de -AZO, apesar de ser “dos que mais se emprega=
m em
conotações apreciativas no espanhol atual”. O autor observa que os sentidos=
aumentativo
e apreciativo de caráter pejorativo são os valores fundamentais de -=
AZO
em tempos atuais e passados. Contudo, destaca que no espanhol falado na
América, onde apresenta maior vitalidade, praticamente perdeu o sentido
negativo, quando derivados de bases adjetivais, participiais ou adverbiais,
alcançando valor superlativo: cansado > cansadaz=
o
(cansadão), rico > ricazo
(ricaço), poco > pocazo (muito pouco,=
poucão).
Outros valores semânticos
identificados desde a década de 1970 consistem no acréscimo do sufixo -AZO a
nomes próprios de pessoas (antropônimos) ou de lugares (topônimos). Nesses
casos, de acordo com Lázaro Mora (1999: 4674), trata-se de um emprego que f=
az
referência a situações, a tomada de posição feita por alguém, a pronunciame=
ntos
ou a comportamentos com implicações políticas de alcance público ou de cará=
ter
autoritário, com algum traço de brusquidão. Por exemplo: Cristina > <=
span
class=3DSpellE>Cristinazo (em referência a algum posicionamento =
da ex-presidenta argentina, Cristina Kirchner), Malvi=
nas
> Malvinazo (em referência a manifestaçã=
o em
defesa das Ilhas Malvinas), Córdoba > Cordobazo<=
/span>
(em referência a uma sublevação popular ocorrida na cidade de Córdoba,
Argentina). Com o valor de manifestação popular ou protesto, a
proliferação de neologismos formados com -AZO é notória. Apenas por citar
alguns exemplos5: verdurazo, panazo, bananazo, frutazo. Todas fazem referência a alguma situação=
de protesto
envolvendo produtores, devido ao elevado custo dos impostos. O gênero é sem=
pre
masculino, ainda que derivem de vocábulos femininos (<=
i>la
fruta > un frutazo).
Quanto ao valor de ação do su=
fixo
-AZO, Lázaro Mora (1999) afirma que especializou o valor de golpe dado c=
om
algum objeto, como em palo > palazo (paulada), pelota > pelotazo
(bolaço, bolão), assim como o valor de golpe recebido em algum lugar=
ou
o resultado do golpe, como em cogote > co=
gotazo
(pescoção), cachete > cachetazo (tapa=
no
rosto, bofetada). Também destacado um uso cada vez mais frequente, com o va=
lor
de golpe dado com algum objeto, a locução formada por: preposição=
A (elemento
fixo) + (palavra base) + AZO + limpio=
(elemento fixo). Por exemplo: a tijeretazo limpio, a codazo <=
span
class=3DSpellE>limpio, a escobazo limpio. Nestas unidades fraseológicas, o sentido =
é de
uma ação ou golpe repetido várias vezes, respectivamente com uma tesoura, c=
om o
cotovelo e com uma vassoura. No Corpus AleBores,
foi identificada uma ocorrência que guarda o mesmo sentido destas últimas
observações, embora como variante. Em lugar do adjetivo limpio
(limpo), a locução está formada com o adjetivo puro, dando o mesmo
sentido de ação que se repete: “En este caso, n=
o es a
fuerza de un plebis=
cito
sino a puro escobazo nomás”.
No fragmento anterior, o fraseologismo “a puro =
escobazo” indica que um plebiscito, que transcorreria
pacificamente, deu lugar a uma autêntica pancadaria, representado pelos gol=
pes
proferidos repetidamente com uma vassoura (escobazo=
).
No intuito de definir as UFE,=
Bevilacqua (2004: 25) destaca três tendências: uma
primeira, de base lexicológica, que é aplicada à identificação da fraseolog=
ia
especializada, em que a unidade fraseológica é assimilada como colocação, c=
omo
o resultado da combinação de duas unidades léxicas, núcleo ou base + coloca=
do;
uma segunda, de base terminológica, em que a UF resulta da combinação
sintagmática a partir de um núcleo terminológico, isto é, considera a UT o
núcleo da unidade; e uma terceira, na perspectiva da tradução, que considera
UFE não apenas os sintagmas, mas as fórmulas e orações próprias do domínio
discursivo.
Neste ponto, pode-se consider=
ar
que tanto as unidades léxico-fraseológicas como as término-fraseológicas
possuem em comum a combinação estável de, pelo menos, dois itens lexicais. A
distinção entre ambas reside na presença de uma UT como núcleo da unidade s=
intagmática.
Se considerado, ainda, que os termos “não formam um léxico independente do
léxico geral, mas que são unidades léxicas que adquirem valor especializ=
ado
e, consequentemente, de UT por seu uso num contexto e situação comunicativa
específicos” (Bevilacqua 2004: 10, grifos nosso=
s),
pode-se concluir que a diferenciação entre UF e UFE dependerá da percepção =
do
valor especializado que adquire o léxico, em determinados contextos de uso.=
Tal
percepção é dependente de aspectos pragmáticos, de conhecimento e de
comunicação.
Para Cor=
pas
Pastor (2010, 1996), as características inerentes às U=
Fs
são a fixação ou a idiomaticidade,
ou a combinatória desses traços. A testagem da frequência de uso dos coocorrentes determina o princípio da convencionalidade, isto é, atesta que
determinados agrupamentos lexicais se fixaram na norma por convenção, a par=
tir
do uso dado pela comunidade de falantes. A convencionalidade resulta, portanto, do uso recorrente dos
constituintes tanto das UFs como das UFEs.
Para além da convencionalidad=
e,
em que o traço de fixação resulta do process=
o de
gramaticalização estabelecido pelo uso, destacamos a especialização
Com o interesse classificatór=
io
das UFs, Corpas Pas=
tor
(1996, 2010), Ruiz Gurillo (2001) e Barrios Rod=
ríguez
(2015) propõem um primeiro nível de estruturação, dividido em três esferas:
colocações, locuções e enunciados fraseológicos. Resumidamente, as autoras
observam que as colocações são expressões livres,
fixadas na norma, pelo uso, com flexibilidade sintática, mas com alg=
uma
restrição combinatória. As colocações confirmam o poder associativo das
palavras, a preferência pela ocorrência de certas combinações de palavras. =
Em “el Compañero Mauri que ca=
da tanto
les tira algún=
span> zapatazo cuidadoso”, a parte em destaque ilustra =
uma
colocação entre a base zapatazo (=
golpe
dado com um sapato) e o colocado tirarle=
(jogar
em alguém). Poderiam ser outras as combinatórias lexicais, como arrojarle ou la=
nzarle,
com o mesmo sentido de arremessar, mas o uso do verbo tirar reforça o
caráter violento da ação. Uma vez aferida a frequência de uso, sendo
confirmada, o traço de fixação garantiria a convencionalidade da combinatór=
ia.
É importante observar que a distinção entre base
ou núcleo e colocativo
é essencial para a tradução, pelo fato de que a tradução dos colocativos é determinada pela base.
Por sua vez, as locuções são percebidas como expressões fixadas no sistema. Seu
funcionamento equivale a uma oração, como unidade lexical única, podendo-se
encontrar equivalente gramatical. Contudo, tanto as colocações
Nos seguintes fragmentos, pod=
em
ser apreciados enunciados fraseológicos. Em “Es más, si Randazzo da el batacazo (buen título para Crónica: ¡¡Batacazzo de Randazzo!!) también se acabó el kirchnerismo”,
observa-se que o articulista faz um jogo de palavras, rimando batacazo com Ra=
ndazzo
e fazendo uma alteração na grafia de batacazo=
span>,
que significa um grande triunfo de alguém que estaria sem chances de ganhar=
. Na
época, Randazzo era candidato nas eleições da
política argentina. No fragmento, o jornalista chega a sugerir que esse pod=
eria
ser uma boa manchete no jornal Crónica. =
Outro exemplo=
é “La crecida de la virulencia kirchnerista verifica aquellos dichos. La
ecuación cierra. Cuanto más acorralados, más locos se ponen, más se
encorvan, más gruñen, más muestran las uñas, más zarpazos tiran, y, =
por
supuesto, más errores cometen” (O aumento da virulê=
ncia
kirchnerista constata aqueles dizeres.
A equação fecha. Quanto mais encurralados, mais fi=
cam
malucos, mais se encurvam, mais grunhem, mais mostram as unhas, mais jogam =
as
garras e, com certeza, mais erros cometem). Os trechos em destaque apresentam a estrutura bimembre, comum em
alguns enunciados fraseológicos do tipo refrão, pelo modelo cuanto
más X, más Y.
Encerrando este percurso teór=
ico,
destacam-se algumas das principais características e benefícios da pesquisa=
no
marco da LC, assumida como quadro teórico-metodológico neste trabalho, sendo
uma das áreas de investigação da linguagem verbal mais profícua e em franca
expansão nos últimos anos. Etapas como planejamento, compilação, preparação,
limpeza, armazenamento e eventual etiquetagem e alinhamento de corpora em formato eletrônico são =
alguns
dos procedimentos mais recorrentes em pesquisas no campo da LC.
Todo o quadro metodológico de=
riva
na posterior identificação, extração, descrição e análise de dados, com o
auxílio de ferramentas computacionais e recursos voltados para análises
lexicais, no estudo de evidências empíricas. Todo esse aparato metodológico=
é
sustentado pela concepção de língua enquanto sistema probabilístico de
ocorrências, em que se diferencia o possível do provável, com subsídio da
frequência de uso. Algumas combinatórias léxicas, ainda que possíveis, são
improváveis, tomando por base a frequência de uso. Pensando mais
especificamente na formação das fraseologias, tais observações nos conduzem=
à
natureza probabilística e associativa da língua.
Resumidamente, os trabalhos
desenvolvidos no escopo da LC convergem, a saber: na disponibilização de corpora
de textos autênticos, utilizados para indagação empírica por meio de progra=
mas
de análise lexical; na tecnologização da pesqui=
sa; na
sistematicidade analítica, aplicada a coletâneas de textos, os corpora=
i>,
de modo rápido e confiável; e no =
contraste
e formulação de hipóteses, por meio de evidência empírica feita em grande
escala (Parodi 2010). No que tange ao processo =
de
identificação, extração e estudo dos usos metafóricos, Berber
Sardinha (2007, 2009) destaca que oportuniza grandes desafios para a LC. Falcinelli (2007: 30) aponta que não faltam casos de
derivados com o sufixo -AZO de uso figurado, de natureza metafórica.
Neste momento em que se procu=
ra a
identificação de um ponto de convergência entre Fraseologia, Metáfora e
Linguística de Corpus, é oportuno ressaltar que determinada classe d=
e UFs revela a função icônica como característica inere=
nte,
pelo fato de “apresentar um conteúdo mediante uma imagem concreta de ordem
visual”, em palavras de Zuluaga (2001: 73). Seg=
undo
esse autor, as imagens estão presentes na maior parte das UFs
idiomáticas e semi-idiomáticas, pois apresentam=
um
sentido literal e outro idiomático, respectivamente a imagem e a metáfora. =
Aspectos como a produtividade
informativa das imagens, que proporciona uma percepção da realidade em dime=
nsões
variadas, em detrimento das informações linguísticas que são lineares, e o
estímulo visual que pode escapar da consciência do leitor ou falante, são
fatores relevantes para a descrição, análise e interpretação de UFs e UFEs metafóricas. N=
esse
sentido, a exploração de corpora a partir das instâncias concretas de
uso, voltada para o reconhecimento e a apreensão de metáforas conceptuais,
pode-se constituir num caminho que conduza à inferência do processamento me=
ntal
metafórico.
3. corpus e metodologia
Para a realização do presente trabalho, foram
utilizados três corpora jornalísticos, com textos publicados desde 2=
007.
Os textos foram compilados das seções Política e Opinião dos jornais, em qu=
e se
aborda como temática a trama política argentino-brasileira, no par linguíst=
ico
espanhol/português. Os dois primeiros corpora, paralelo e comparável,
foram compilados dos jornais argentinos Clarín6, La Na=
ción7
e Perfil8. O jornal Clarín, para além da versã=
o em
língua espanhola, publica uma versão em português9, com textos
traduzidos do espanhol e outros publicados originalmente em língua portugue=
sa.
Desse modo, foi compilado um =
corpus
em relação paralela unidirecional, com textos originais escritos em espanho=
l e
traduzidos ao português, e outro corpus em relação comparável, com
textos redigidos em espanhol e em português, não guardando relação tradutór=
ia.
O terceiro corpus é monolíngue, em espanhol rio-platense, e foi
compilado inteiramente da coluna Humor Político, do escritor e arqui=
teto
Alejandro Borensztein, publicada no Clarín <=
/i>todos
os domingos há 15 anos. Como já apontado, foi atribuído a este último o nom=
e de
Corpus AleBores.
A extensão em número total de
itens lexicogramaticais (tokens) é: 37.1=
01 no Corpus
paralelo; 36.771 no Corpus comparável; e 466.800 no Corpus AleBores. Foi utilizada principalmente a ferramen=
ta Concord
do programa WordSmith Tools, 7.0 =
(Scott
2016), para análise de ocorrências em contexto, por meio das linhas de
concordância dos elementos de busca. O critério de busca foi *AZO* e *AZA*,=
em
que essa sequência de caracteres deveria ocorrer no interior ou final de it=
ens lexicogramaticais individuais. Os asteriscos represen=
tam a
possibilidade de ocorrência de outros caracteres, no mesmo item, antes ou
depois do sufixo, no intuito de capturar tanto as diferentes bases
derivacionais como a flexão de número singular/plural das formas derivadas.=
Uma vez gerados os arquivos c=
om
as linhas de concordância relativas a cada um dos corpora em língua
espanhola, foi necessário realizar uma leitura atenta seguida de limpeza de
todas as ocorrências em que *AZO* ou *AZA* não correspondiam ao sufixo em
questão. Para os segmentos dos corpora paralelo e comparável em líng=
ua
portuguesa, os critérios de busca foram os mesmos aplicados aos segmentos d=
os corpora
em língua espanhola, para identificação de eventuais empréstimos com gr=
afia
idêntica, e *AÇO* e *AÇA*, para identificar os vocábulos grafados em portug=
uês,
procedimentos esses seguidos de limpeza e de contraste com o par em espanho=
l,
no intuito de identificar outras variantes não previstas. Após a delimitação
dos dados ao foco desta pesquisa, os resultados foram classificados com aux=
ílio
da coluna set da ferramenta Concord. Utilizou-se a ferramenta=
WordList para extração dos dados estatísticos =
mais
gerais dos corpora e, na função de ordem alfabética, para
conferir eventuais variantes dos vocábulos e candidatos a termo recolhidos.=
4. resultados e análises
No corpus paralelo, obtivemos os seguintes
resultados:
Espanhol |
Freq. |
Português |
Freq. |
cacerolazos coletazos guadañazo manotazo puñetazo tarifazo |
1 1 1 1 2 4 |
panelaços consequências golpe de foice última tentativa so=
co tarifaço(s) |
1 1 1 1 2 5 |
Tabela 1=
: resultados no corpus para=
lelo
A próxima figura ilustra os
resultados no corpus paralelo.
Figura 2: linhas de concordância com -AZO / -AÇO no cor=
pus paralelo
Como se observa, nove das dez
ocorrências correspondem ao valor semântico de golpe, apenas com val=
or
de protesto (cacerolazos / pan=
elaços).
Com exceção de tarifazo / tarifaço, que
corresponde a um golpe dado pelo governo, mas também recebido na/=
pela
sociedade, os demais resultados fazem referência a golpe dado com uma
parte do corpo puñetazo (socão),
manotazo (tapão), coletazo (rabada) ou com algum instrumento
No entramado da política e da=
da o
modo como são veiculadas as notícias, identificamos processos metafóricos em
algumas ocorrências com -AZO. Por exemplo, em “el fallo de la Corte sobre t=
arifas fue un puñetazo
a la mandíbula para el macrismo”, temos que a Corte Suprema (Supremo Tribunal
Federal) é representada como um boxeador e suas decisões (fallo)
são socos (puñetazo). Por outro lado, qu=
em
recebe o puñetazo a la
mandíbula é o macrismo, isto é, o
movimento político do então governo do ex-presidente da Argentina Macri. Ne=
sse
sentido, o macrismo é metaforizado como =
um
organismo dotado de mandíbula, alvo do golpe dado com o punho fechado. Também é metafórico o=
uso
de “El problema es que los coletazos se prolongaron más de lo que el macris=
mo
pensaba.” Aquí o ajuste fiscal e impositivo praticado pelo governo Macri é
representado como um animal com rabo (cola), cujos golpes (coletazos) duraram mais do que o esperado, ati=
ngindo
a população por meio dos tarifazos.
No corpus comparável,
obtivemos estes resultados, classificados conforme os traços semânticos
identificados e com as respectivas frequências:
C |
Espanhol |
Português |
A (1) |
escolazo (1) |
- |
G (21
+ 5) |
coletazo (1), Cristinazo<=
/i>
(2), Maduronazo (3), Maracanazo
(3), microfonazo (1), paquetazo
(2), tarifazo(s) (9) |
tarifaço(s)
(5) |
P (48 + 23) |
bananazo (2), ba=
nderazo
(3), bocinazo (1), cacerolazo (2), chupetazo (2), |
amarelaço=
span> (1), bananaço (2), buzinaços (1), cadeiraço (1), camin=
honaço
(3), panelaço(s) (8), ruidaço (=
1), tetaço (3), trancaço=
(1), tratoraço (2) |
Total |
70 |
28 |
Tabela 2: resultados no corpus comparável
Le=
genda: A – Apreciativo (pos/neg), G – Golpe, P – Protesto
Na tabela anterior, pode-se
apreciar a maior diversidade de vocábulos formados pelo acréscimo do sufixo
-AZO, assim como de sua frequência, na parte comparável do corpus em
espanhol. Por outro lado, o valor semântico de protesto se mostrou m=
ais
recorrente que o de golpe. A única ocorrência identificada no corpus
comparável com valor apreciativo negativo, e=
scolazo
(jogatina), faz referência ao conjunto de jogos de azar ou de apostas (bing=
o,
casino, caça-níquel...). É fruto de um processo de lexicalização. O vocábulo
teria chegado ao Rio da Prata por meio de imigrantes calabreses, derivando =
de σχολή (skolé,
em grego), que significava momento de lazer, de recreio10. Assim,
com o sufixo -AZO, escolazo passou a
significar qualquer tipo de jogo, caracterizado pela contravenção ou
ilegalidade. A
frase em que ocorre no corpus é “Pregunt=
a:
¿con el escolazo también se durmieron o me vas a
decir que es progresista habilitar un bingo en cada pueblo del país?”.
Dentre os vocábulos que
classificamos semanticamente como golpe (G), temos dois antropônimos=
, em
que Cristinazo e Maduronazo
recolhem, respectivamente, ações que propiciariam Cristina Kirchner na
Argentina e Nicolás Maduro na Venezuela sobre a população. Seja através de =
um
golpe ou surpresa nos resultados eleitorais ou de pacotes econômicos (paquetazo, tarifazo),
o sufixo -AZO imprime nos nomes dos mandatários o valor de golpe dado po=
r
alguém. Já em Maracanazo, enquanto topôn=
imo,
constatamos um valor de golpe recebido nesse local, em referência à derrota=
da
seleção brasileira para a uruguaia em pleno Maracanã, na Copa do Mundo de 1=
950.
Nas outras ocorrências com valor de golpe, apenas microfonazo
faz referência a um golpe dado com um objeto físico; as outras se
referem a golpes recebidos pela população, de algum modo, ainda que
metaforicamente, como em coletazo.
A próxima figura, extraída da
ferramenta Concord do programa WordSmith=
Tools, v. 7 (Scott, 2016), apresenta uma vista parcial dos resultados, =
na
busca por *AZO ou *AÇO no corpus comparável.
Figura 2: linhas de concordância com -AZO / -AÇO n=
o corpus
comparável
No que tange ao valor semânti=
co
de protesto (manifestação popular), observamos uma ampla diversidade=
em
ambas as línguas. Tomando por base os nomes próprios, verificamos dois
topônimos. Cordobazo remete à insurreição
popular ocorrida na cidade de Córdoba, Argentina, no final de maio de 1969.
Manifestações encabeçadas por sindicatos de trabalhadores marcaram o início=
do
fim da ditadura militar de Juan Carlos Onganía.=
No
caso de Lujanazo, trata-se de uma referê=
ncia
mais recente, durante o governo do ex-presidente Macri, em que um grupo de
sindicalistas e representantes da oposição organizaram uma missa na Basílic=
a de
Luján, província de Buenos Aires, em outubro de 2018. A frase da ocorrência=
é
“El Papa, detrás del ‘Luja=
nazo’:
Macri no se inmuta ni busca
um acercamiento”. Como se observa, tanto um qua=
nto o
outro vocábulo caracterizam o local onde ocorreram os protestos ou as
manifestações de oposição ou de insurreição a algum tipo de política.
Dentre os demais vocábulos
formados pelo sufixo -AZO, diferentes referentes correspondem a alimentos, =
por
meio dos quais se faz alusão aos aumentos de impostos. Desse modo, diante d=
as
dificuldades encontradas para trabalhar, produtores deram de presente banan=
as,
frutas, pão, erva mate ou verdura, como forma de protesto contra o governo.
Dessas bases, derivam os nomes bananazo<=
i>, frutazo, panazo, verdurazo e yerbatazo=
.
Considerando que não se trata do valor de golpe dado com algum dos
alimentos, por exemplo, com uma fruta que seria jogada em alguém, entendemos
que se dá um processo de lexicalização, pois a interpretação da especialida=
de
semântica resultante exige outra via de inferência.
As outras formações com -AZO =
ou
-AÇO remetem a atos de protesto, por meio de instrumentos ou veículos
utilizados durante as manifestações, como banderazo=
,
bocinazo / buzinaço, cacerolazo / panelaço, caminhonaço,
ruidaço e trator=
aço.
Em meio às discussões e polêmicas em torno da legalização do aborto na
Argentina, surgiram vozes contrárias à lei do aborto, como chupetazo
(de chupeta) e escarpinazo (de escarpines, nome dado aos sapatinhos feitos de crochê=
para
os bebês). Já com relação a pañuelazo (d=
e pañuelo, lenço), os de cor verde a favor e os azuis c=
ontra
o aborto. Ou seja, diversos instrumentos que remetem às manifestações de
protesto, em que se destaca, por um lado, um posicionamento, por outro, o v=
alor
semântico de reivindicação por meio de manifestações.
Quanto a pantallazo
(de pantalla, tela de TV, cinema etc.),
especificamente fez alusão um evento que buscou visibilizar a crise do cine=
ma
na Argentina; isto é, o pantallazo foi
utilizado como meio de repúdio. O uso de tetazo=
/ tetaço alude a um protesto em que mulh=
eres
fizeram passeata, mostrando os seios, em repúdio a situações em que mães fo=
ram
censuradas pela polícia por amamentarem seus filhos em local público.
Na parte do corpus com=
parável
em português do Brasil, destacamos amarelaço,
em referência a uma manifestação de partidários do presidente brasileiro, em
que as pessoas usavam a camisa da seleção do Brasil, de cor amarela. Quanto=
a bananaço, diferentemente do sentido presente n=
o corpus
em espanhol, pelo fato de se tratar de “bancários fazem bananaço
depois de 15 dias de greve”, o vocábulo remete a outra situação, uma questão
cultural. Dar uma banana para alguém (hacer un corte de mangas), no Brasil, significa rejeitar al=
go.
Certamente, tratava-se do aumento que ofereceram aos bancários, após dias de
greve, em protesto, foram às ruas para dar banana. A UF também pode =
ser
reforçada por meio de um gesto obsceno, cuja expressão seria equivalente a =
vá
se foder.
Os vocábulos cadeiraço
e trancaço remetem ao âmbito universitár=
io. Os
estudantes, como meio de protesto e repúdio diante de medidas tomadas pela
gestão universitária, colocaram as cadeiras para fora das salas de aula, as=
sim
como trancaram os portões de acesso ao campus, impossibilitando o ingresso.
Desse modo, os objetos utilizados, cadeiras e trancas, adotam=
o
gênero masculino com o acréscimo do sufixo -AÇO e passam a significar pr=
otesto
(com cadeiras ou com trancas).
Antes de passar à análise dos
resultados no terceiro corpus, cabe apontar que as combinatórias lex=
icais
identificadas formam UFs, em que principalmente=
as
formações com -AZO/-AÇO funcionam como base de sintagmas preposicionais com=
de,
tomando como colocativos outros substantivos, a
saber: “temporada de tarifazos”, “impacto del maduronazo”, “modalidad del verdurazo”,
“leyenda del Maracanazo”, “costo del tarifazo”, entre outr=
as.
Inversamente, funcionam como colocados nominais de outras bases preposicion=
ais,
como em: “coletazos del
ajuste”, em que os coletazos são do ajus=
te, “verdurazo de produtores”, “paque=
tazo
de medidas”. Também funcionam como base, tomando verbos como colocativos: “convoquemos a un=
span> tetazo”, “protestaron con=
tra el tarifazo”, “se sintió el cacerolazo”,
“se viene el panazo”, “se siente el banderazo”, “se viene el Cristinazo”,
“convocam tetaço em repúdio a duas policiais”,
“organizam tratoraço”, “co=
nvocan
a un chupetazo y escarpinazo”. Por último, também combinatórias com
adjetivos: “un tarifazo hecho y derecho” (neste c=
aso, a
colocação é com uma locução adjetiva), “tetazo
argentino”, “banderazo patriótico”, “ruidaço nacional”, “tetaço
nacional”.
O corpus que denominam=
os
AleBores, de tipologia monolíngue, em espan=
hol
rio-platense, reportou os seguintes resultados. É importante recordar que e=
ste corpus
corresponde aproximadamente a 13 vezes o tamanho dos outros dois corpora=
.
C |
Espanhol |
A (34) |
ca=
gazo (3), escol=
azo
(3), faltazo (1), golazo (8), machazo (1), panquecazos (1), partidazo (3), pl=
omazo
(5), puestazo (1), salariazo (4=
), tangazo
(1), temazo (1), =
triunfazo
(2). |
G
(94) |
ajustazo (1),
balazo (1), baldazo (9), batacazo (9), bobazo (2), bochazos (1), botellaz=
o (2),
cabezazo (1), cachetazo (1), carpetazos (1), cart=
erazo
(1), codazo (1), cuchillazos (1), escobazo(s) (2=
), espaldarazo
(2), fierrazo (1), fogonazo (1), guadañazo (3), l=
adrillazo
(1), latigazos (1), lengüetazos (1), mangazo (2)=
, manotazo
(2), Maracanazo (1), pantallazo (1), pelotazo (2), <=
i>pitazo
(2), planchazo (2), plumazo (6), porrazo (4), portazo
(9), Rodrigazo (1), tarifazo(s)=
(3),
telefonazo (3), volantazo (4), zapatazo (2), zarp=
azo
(5), zurdazo (2). |
P (9) |
bocinazo (3), cac=
erolazo
(6). |
Total |
137 |
F (38) |
ba=
tacazo (9), botellazo (1), cabe=
zazo
(1), codazo (1), espaldarazo (2), golazo (8),
Maracanazo (1), partidazo (3), pelotazo (2), pitazo<=
/i>
(2), planchazo (2), triunfazo (=
2), zapatazo
(2), zurdazo (2). |
Tabela 3: resultados no corpus AleBores
Le=
genda: A – Apreciativo (pos/neg), F – Futebol, G – Golpe, P – Pr=
otesto
A partir da tabela anterior, =
em
contraste com os resultados dos outros dois corpora, percebemos no <=
i>corpus
AleBores uma recorrência muito maior de uso=
s com
valor de golpe e uma baixa ocorrência do valor de protesto,
apenas bocinazo (buzinaço, manifestação =
com
toques frenéticos de buzina) e cacerolazo
(panelaço), nos vocábulos formados por derivação com -AZO. Dentro da frequê=
ncia
atestada de 137 ocorrências, 38 correspondem a referências específicas do c=
ampo
do futebol, razão pela qual fizemos a inclusão em destaque na última linha =
da
tabela, para tecermos algumas considerações a esse respeito.
Com relação aos vocábulos que
denotam apreciação positiva, destacamos golazo<=
/span>,
partidazo (jogão), =
triunfazo
(vitória importante), todas do âmbito do futebol. Também machazo (machão), =
puestazo
(de posto de trabalho, empregão), salariazo
(um salarião), tang=
azo
(um bom tango) e temazo (um tema
importante) são positivas. Nas apreciativas negativas, temos cagazo (um grande susto), escolazo
(jogatina, já comentada antes), faltazo =
(uma
ausência significativa, de caráter prejudicial), pa=
nquecazos
(referente a quem muda de partido ou de opinião na política, vira-folha<=
/i>),
plomazo (deriva de =
plomo/chumbo,
equivale a pesado, cansativo, chatão ou =
chatona em português).
Observamos que, além de escolazo, também cagaz=
o,
panquecazos e pl=
omazo
resultam de processos de lexicalização, haja vista o grau de especialidade
semântica presente nas acepções. Para ilustrar, traze=
mos
alguns exemplos: “C=
on el
cagazo que tienen, van a ir todos a votar, aunque caigan gorilas de punta”;
“Por el cagazo demostrado, más que Oral debería llamarse Tribunal Anal, per=
o no
vamos a meternos en cuestiones psicoanalíticas…”; “Nadie pretende aquel ver=
so
interminable de la plomazo de Hotesur…” =
(em referência a Cristina Kirchner, dona da rede de hotéis com esse
nome); “¿El cambio de bloque político paga impuesto a
las Ganancias o está exent=
o?
¿D=
ada la
cantidad de panquecazos que se han visto, no se=
ría
buena idea aplicarles retenciones?”. Nesses
fragmentos, ter ou demonstrar medo (cagazo),
ser chata, cansativa (una plomazo) ou
vira-folha (panquecazo), embora denotem
objetos identificáveis, remetem a significados que se especializaram pelo u=
so.
Os vocábulos que classificamos
conforme o valor de golpe podem ser agrupados da seguinte maneira: (=
a) golpe
dado com, em que um objeto ou instrumento, uma medida ou uma parte do c=
orpo
intervêm na ação violenta. Para esse grupo identific=
amos ajustazo, balazo, baldazo, bo=
chazos,
botellazo, cabezazo, carpetazos, codazo, cuchillazo=
s,
escobazo(s), fierrazo, fogonazo, guadañazo, =
ladrillazo,
latigazos, lengüetazos, mangazo, manotazo, p=
antallazo,
pelotazo, pitazo, planchazo, plumazo, porraz=
o,
portazo, tarifazo(s), telefonazo, volantazo, zapata=
zo,
zarpazo, zurdazo. Num segundo grupo,
reunimos ocorrências com sentido de (b) golpe dado por, em que o ato=
r ou
origem do golpe é alguém (antropónimo), como em Rod=
rigazo.
O terceiro e último grupo corresponde a (c) golpe recebido em, poden=
do
se referir a lugar (topônimo) ou parte do corpo, a saber: batacazo,
bobazo, cachetaz=
o,
espaldarazo, Mar=
acanazo.
Nos vocábulos do grupo (a), <=
span
class=3DSpellE>ajustazo e tari=
fazo
indicam medidas tomadas pelo governo, por meio das quais a sociedade recebe
como consequência um golpe em suas finanças, seja devido ao ajuste
fiscal ou por conta do aumento de tarifas. Também v=
olantazo
revela uma ação do governo ou de segmentos da política, em que se busca um =
giro
brusco no rumo do país. Por
exemplo, no fragmento “¿El Gobierno? Bien, ahí =
andan.
Pegando el volantazo para ver si el mundo financiero internacional, =
al
que putearon durante diez años, ahora les tira una anchoa”. Isso representa uma mudança, um giro no rumo da política. Já em carpetazos (de carpeta, pastas ou arqui=
vos,
em português) verificamos a ação de golpe, no sentido de arquivament=
o de
causas muitas das vezes judiciais. Em plumazo=
span>
(de pluma/pena, canetada, em português), temos a representação
daquilo que é resolvido por meio da assinatura de alguém que tem poder. Por
exemplo, “De un plumazo=
borró a Alfonsín”, que equivale a dizer que =
de uma
canetada apagou (a memória) de um ex-presidente argentino. Também em “<=
span
class=3DSpellE>ella le pega un telefonazo al Consejo de la Magistratur=
a” temos
uma ação que remete à forma de resolver determinadas situações, por meio de=
uma
ligação telefônica.
O vocábulo baldazo
se mostrou produtivo e com algumas variantes em UFs
como baldazo de a=
gua
fría / de agua caliente /
de fascismo / de humildad / de barro, sempre
tomando como colocativo verbal tirar (jo=
gar,
lançar). Metaforicamente, as ocorrências reportam à ideia de um banho de
realidade, em português, como um golpe que pode ser dado por diferentes
elementos em considerável volume, além de água fria (água quente, fascismo
etc.). Isto é, o golpe dado com o balde, pelas substâncias contidas no baldazo de..., acarretam a necessidade =
de
“acordar de um sonho” para a realidade que assola o país. Outro objeto do
âmbito da limpeza (vassoura, escoba em
espanhol) é referido na locução em destaque no seguinte fragmento “no es a =
fuerza de un plebiscito s=
ino a
puro escobazo nomás”;
ou seja, que as questões se resolvem por meio de uma verdadeira vassourada =
(de forma
escandalosa) e não democraticamente. Próxima desse sentido encontramos no <=
i>corpus
outras duas locuções, de porrazo en porrazo e de go=
lpe y porrazo, que tomam por instrumento um porrete (porra
ou cachiporra, paus utilizados para bate=
r),
mas utilizadas nos textos jornalísticos com o sentido dos golpes recebidos =
pela
sociedade, em mãos de maus governos. Uma ocorrência que aponta para a
reprovação de membros governistas é bochazos,
derivada de bochar e provavelmente advin=
da do
jogo de bochas e que significa reprovar alguém num exame.
Outros objetos na instrumenta=
ção
dos golpes são: balazo, botellazo
(garrafada), carterazo (de cartera, bolsa feminina, em referência a ser a=
lvo de
um furto), codazo (cotovelada), cuchillazos (facadas), fi=
errazo
(de fierro/ferro, uma pancada com um
objeto desse material, por extensão, arma branca ou revólver), fogonazo (chama resultante, podendo ser fruto =
de um
disparo), guadañazo (golpe de foice), ladrillazo (tijolada), latigazos
(chicotada), lengüetazos (lam=
bidas,
golpes feitos com a língua), mangazo =
(de
mangar, pedir mangos/dinhe=
iro), manotazo (golpe dado com a mão, podendo ser de
alguém que está se afogando, manotazo=
de ahogado). Algumas em clara referência ao futebol =
são pelotazo (bolada, passe longo para um
jogador), pitazo (apito do juiz de
futebol, pitazo inicial/final, ma=
rcando
o início ou término de um jogo), planchazo (jogada
brusca em que se procura derrubar um rival no futebol, carrinho), zapatazo (deriva de zapato,
sapatada em português, em referência a um chute forte no futebol), zarpazo (de zarpas, garras de felinos),=
zurdazo (de zurda<=
/span>/canhota,
chute dado com essa perna).
Com relação a golpe dado p=
or
alguém, identificamos Rodrigazo, que
retoma o plano de ajuste fiscal praticado por um ex-ministro de economia ar=
gentino,
em 1975. Assim, o antropônimo deriva com o sufixo -AZO num vocábulo que pas=
sa a
denotar o golpe sofrido pela população, a partir das medidas econômi=
cas
tomadas pelo governo. Quanto a golpe recebido em, destacamos batacazo, em que o golpe é resultante de uma q=
ueda
ou forte fracasso inesperado. Também em agarrarle=
i>
/ darle un bobazo a alguien, per=
cebemos
um golpe ou ataque sofrido, neste caso, no coração (infarto). Bobazo deriva de bobo, que em lunfardo
remetia a relógio, pelo fato de trabalhar as 24 horas, todos os dias, assim
como o coração. Outras duas expressões que tomam partes do corpo humano como
local que recebem o golpe, vemos que cachetazo<=
/span>
(tapa na bochecha, na cara) indica uma agressão, já espaldarazo
(derivada de espalda, costas em português) denota apoio, um empurrão=
no
sentido de ajudar alguém. Tecemos, a seguir, algumas considerações decorren=
tes
deste estudo.
5. considerações finais
Realizamos uma análise de unidades
léxico-fraseológicas, a partir da identificação de derivados formados com o
sufixo -AZO. Utilizamos três corpora jornalísticos, um paralelo, out=
ro
comparável e o último monolíngue, no par linguístico espanhol rio-platense e
português brasileiro. Os artigos de opinião que integram os corpora
abordam, fundamentalmente, o entramado político desses países. Por meio de =
uma
análise contrastiva, contemplando as ocorrências nessas línguas, identifica=
mos,
descrevemos e analisamos os resultados pertinentes, com suporte de recursos=
e
ferramentas da Linguística de Corpus.
A análise revelou que, ao val=
or
de aumentativo do sufixo -AZO, outros traços semânticos se acrescentam, a
saber: (1) apreciativo (positivo ou negativo); (2) golpe (pod=
endo
ser dado com algum objeto, parte do corpo ou por alguém, ou recebido em alg=
uma
parte do corpo ou localidade); e (3) protesto ou manifestação popula=
r.
Isto é, percebemos que, independentemente dos valores de apreciativo=
, de
golpe ou de protesto, sempre está presente o significado de a=
lgo
aumentado, ainda que não de maneira exclusiva.
Por isso afirmamos que o sufi=
xo
-AZO sempre apresenta o traço aumentativo somado a um segundo valor semânti=
co, apreciativo,
golpe ou protesto, com sua tipologia interna. Vocábulos como =
golazo, partidazo<=
/span>, triunfazo revelam o valor apreciativo
positivo, assim como cagazo, escolazo e panquecazos=
expressam uma apreciação negativa, mas todas marcadas também pelo caráter
aumentativo.
No que tange aos diferentes
valores de golpe, observamos a presença de antropônimos (Cristinazo, Maduronazo=
etc.) assim como de topônimos (Maracanazo), em
que ora o golpe deriva do nome próprio do agente causador, ora do no=
me
do local em que ocorre, podendo ter efeito psicológico ou financeiro para
população. Quanto aos itens lexicais tomados por base na caracterização do
valor de protesto, destacamos a referência a alimentos (bananazo, verdurazo, panazo, frutazo, yerbatazo etc.), em que produtores repudiam o aum=
ento
de impostos, também o nome de veículos como caminho=
naço,
tratoraço. Diante das polêmicas em torno=
da
lei do aborto na Argentina, observamos o surgimento de registros como chupetazo, pañuelazo=
span>, escarpinazo, entre outras.
Também identificamos diferent=
es
processos de lexicalização, atestados por casos de especialização semântica.
Por exemplo, bobazo poderia sugerir o va=
lor apreciativo
negativo, como derivado de bobo (alguém muito bobo); contudo, a
identificação da UF darle / agarrarle el bobazo
(alguien) produz a quebra dessa expectativa.
Assim, por meio de uma análise ampliada do contexto e da história no uso do
vocábulo bobo (relógio, em lunfardo e, por analogia, coração),
entendemos que darle ou agarrarle un bobozo equivale a infarto ou ataque cardíaco. Além
dessa, outros processos de lexicalização foram apontados na seção de anális=
e,
assim como casos de metaforização.
Considerando que as recorrent=
es
referências ao âmbito do futebol são utilizadas nos textos dos corpora=
i>
como recursos para aludir aos entramados da política, o uso da metáfora se
mostra como uma estratégia de o autor buscar modos de compactuar com seu
leitor, aludindo a imagens facilmente recuperáveis pela cultura e conhecime=
nto
popular. A esse respeito, reconhecendo o meio futebolístico como um campo
profissional, em que o léxico se faz termo, dado o uso especializado que
adquire em situações comunicativas específicas, diversas foram as ocorrênci=
as identificadas
como UFE, pela presença de uma UT (unidade terminológica) na base da UF.
Por exemplo, tomando pitazo como derivado de pito, en=
tre
cujas diversas acepções uma corresponde a um pequeno instrumento sonoro que
produz um som agudo quando soprado (apito), as =
UFEs
pitazo inicial/final assinalam pa=
ra o
momento de início e de término de um jogo de futebol. Por outro lado, essas=
e
outras UFEs do domínio fonte e mais concreto do
futebol, identificadas e analisadas no corpus, fazem referência ao
domínio mais abstrato da política, caracterizando os referidos processos de=
metaforização. Por questões de limitação de espaço, o=
utros
processos de metaforização da política por meio=
de UFEs do futebol encontradas no corpus precisar=
ão ser
objeto de análise específica em outros trabalhos.
NOTAS
1 Informações e tex=
tos
disponíveis em:
https://www.clarin.com/autor/alejandro-borensztein.html. Acesso em: 20 dez.
2021.
2 Este trabalho apresenta parte dos resultados de
nossa pesquisa concluída em 2020, em nível de Pós-doutorado, junto ao Progr=
ama
de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), Brasil.
3 Na quarta seção, analisaremos resultados ainda n=
ão
publicados, circunscritos pela marca do sufixo -AZO, em contraste com os
resultados da pesquisa atual, que busca explorar a relação metafórica dessas
ocorrências.
4 Disponível em:
http://www.corpusdelespanol.org/web-dial/. Acesso em: 05 jan. 2022.
5 Na seção de Análise, faremos a apresentação dos
dados e descreveremos as ocorrências.
6 Disponível em: http://www.clarin.com/. Acesso em=
: 05
fev. 2022.
7 Disponível em: http://www.lanacion.com.ar. Acesso
em: 05 fev. 2022.
8 Disponível em: http://www.perfil.com/. Acesso em=
: 22
jan. 2022.
9 Disponível em: https://www.clarin.com/br/. Acesso
em: 02 fev. 2022.
10 Informações referentes ao significado de escolazo e de outros lunfardismos
em:
https://es.wiktionary.org/wiki/Ap%C3%A9ndice:Glosario_del_lunfardo#Escolazo=
.
Referencias bibliográficaS
Berber Sardinha, T. (2009). Pesqui=
sa em Lingüística de Corpus com WordSm=
ith
Tools. Campinas, SP: Mercado das Letras.
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